terça-feira, 13 de julho de 2010

Pensar é Evoluir


“O homem vulgar, por mais dura que lhe seja a vida, tem ao menos a felicidade de a não pensar. Viver a vida decorrentemente, exteriormente, como um gato ou um cão - assim fazem os homens gerais, e assim se deve viver a vida para que possa contar a satisfação do gato e do cão.
Pensar é destruir. O próprio processo do pensamento o indica para o mesmo pensamento, porque pensar é decompor. Se os homens soubessem meditar no mistério da vida, se soubessem sentir as mil complexidades que espiam a alma em cada pormenor da acção, não agiriam nunca, não viveriam até. Matar-se-iam assustados, como os que se suicidam para não ser guilhotinados no dia seguinte. “

In: O Livro do Desassossego, Fernando Pessoa


Agora eu:

Se não querem ir além de… então não pensem, resumam-se à mísera condição biológica e animalesca. Estejam na vida apenas “porque sim”, respondam aos estímulos externos porque o cérebro assim o quis.
Existem os que estão cá para viver caminhando, e os que caminham porque biologicamente vão vivendo, ao sabor do vento, do politicamente correcto.
São escravos minha gente! Escravos da racionalidade que os protege contra as pulsões do Id (princípio do prazer - Freud) e teimam em manter-se no Super-ego, porque pensam que assim vão ser aceites pelos outros, que não irão quebrar as regras.

Lamento desapontar, mas as regras existem para serem quebradas, derrubadas, aniquiladas. Então não estão a ver que estas regras e dogmas foram criadas por homens muitas vezes cobardes e prisioneiros do medo de pensar?

Pensem…muito!
Questionem…sempre!

Se quiserem realmente viver…

Vittoria


Apenas uma curiosidade:

"(...) basicamente, um campo de batalha . Ele é um porão escuro em que uma senhora solteirona bem-educada (o superego) e um macaco -sexo louco (o id) estão sempre em combate mortal, a luta a ser arbitrada por sua vez pelo sistema nervoso ( o ego). "

Don Bannister a respeito da posição de Freud acerca da mente humana.

4 comentários:

  1. Tinha obviamente de comentar este post.

    Por um lado, temos a vida enquanto 1) verbo e 2) propriedade. Eu prefiro juntar um ao outro.

    A vida é minha e dela faço o que bem entendo; não me deixo levar pelas vontades alheias, não me importo com as expectactivas criadas pelos outros nem quero cumprir com o que os outros definiram como o melhor. Quero viver, experimentar, respirar.

    Por outro lado, temos a dualidade racionalidade vs irracionalidade, penso que Fernando Pessoa referia-se a isto. Eu aposto nos 70% de irracionalidade e 30% de racionalidade.
    A racionalidade é algo natural, que existe no nosso sistema imunitário para nos proteger, que nos faz evitar perigos e que faz soar o alarme de alerta quando estamos a pisar o risco.
    A irracionalidade é um ponto a ser trabalhado, porque não é natural. É difícil ser-se irracional nos dias de hoje. Queremos tudo direitinho, perfeitinho, sem mudanças. É difícil arriscar, é difícil ser-se aventureiro. E, por isso mesmo, sabe tão bem quando pisamos o degrau seguinte na incerteza do que lá está... e vemos que assentamos bem o pé no chão e que aquele degrau não foi em falso, foi mais um passo na nossa vida.

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  2. O objectivo deste post é mesmo pôr as pessoas a pensar.
    Conheço muita gente que tem medo de arriscar durante toda a vida, têm uma racionalidade de tal forma "dominadora" de si mesmos que são capazes por exemplo de se manterem num emprego que odeiam, estarem ligados a uma pessoa que não amam, etc...
    Claro está que todos precisamos de um equilíbrio entre o racional vs emocional.
    Não temos necessáriamente que viver sempre no Id caso contrário "morreriamos" como afirma e bem Fernando Pessoa.

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  3. Esse teu objectivo tem sido o "cavalo-de-batalha" do meu blog!!!
    Conhecer pessoas "presas" a uma vida sem sorrisos faz-me ter a certeza que não quero ser assim e que vou evitar que as pessoas que estão à minha volta o sejam.

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  4. Nesse campo estamos de acordo, é preciso que existam pessoas que fazem a diferença no grande caminho que é a vida.
    É muito bom ter-te como amiga!

    Beijinhos

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