quinta-feira, 29 de julho de 2010

Construir ou Plantar?




Cada pessoa, durante a sua existência pode ter duas atitudes: Construir ou Plantar.
Os construtores podem demorar anos nas suas tarefas, mas um dia terminam aquilo que andaram a fazer.
Então param, e ficam limitados pelas suas próprias paredes. A vida perde o sentido quando a construção acaba. Mas existem os que plantam. Estes, às vezes, sofrem com as tempestades, as estações, e raramente descansam.
Mas, ao contrário de um edifício, o jardim nunca pára de crescer. E, ao mesmo tempo que exige a atenção do jardineiro, também permite que, para ele, a vida seja uma grande aventura.


In: Palavras Essenciais de Paulo Coelho

sábado, 24 de julho de 2010

Contraluz - Backlight

Fui ver hoje o Filme do realizador português Fernando Fragata, gravado nos Estados Unidos.

O que mais destaco no filme é sem dúvida o paralelismo com a vida real, muitas vidas cruzadas, paralelas, por acaso (se este existisse). Faz-nos desesperar pela luz que que por vezes se apaga e nos deixa na espectativa do que irá acontecer a seguir.
Quando a desesperança toma conta nós, por vezes há algo ou alguém que subitamente pode mudar o rumo dos acontecimentos e quem sabe talvez encontrar a felicidade?

Se fosse possível a nomeação para um óscar (não estou a sonhar ao dizer isto), seria seguramente para a realização.

Não querendo ser repetitiva, lanço aqui novamente o tube "Tela" que foi a banda sonora utilizada para a publicitação do filme. Há apenas um reparo a fazer, esta música aparece apenas no final do filme, foi pouco.

sábado, 17 de julho de 2010

Paralelo de mim...




Por vezes penso que tudo o que sinto excede a capacidade de compreensão de mim mesma.
Sinto-me uma árvore com milhares de galhos, todos eles diferentes, que transbordam da minha alma.
Alma que não conheço. Ainda!
Alma que às vezes me fere outras me consola, mas que continua incógnita e perdida em tudo o que sou, ou aparento ser.
É como se existisse um mundo paralelo, invisível, que me trespassa e me transcende em tudo. Sinto-me limitada, incapaz, quero muito mais.
Não sou nada. Nada, além de mim mesma. Mas serei eu?
Ou apenas uma cópia de alguma coisa?
Encerro em mim tantas realidades que me confundem, me desiludem e me desamparam.
Já deixei de achar injusta a vida, a alma, as traições, o desamor, a inveja.
Quero apenas ser eu, se é que existo?

Vittória

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Pablo Neruda - Me gustas cuando callas…

Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
Y parece que un beso te cerrara la boca.

Como todas las cosas están llenas de mi alma
Emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de sueño, te parece a mi alma,
Y te pareces a la palabra melancolía.

Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
Déjame que me calle con el silencio tuyo.

Déjame que te hable también con tu silencio
Claro como una lámpara, simples como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.

Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.


Poema 15 – Me gustas cuando callas…
In: Vinte Poemas de Amor e Uma canção Desesperada de Pablo Neruda, pág. 56/58


terça-feira, 13 de julho de 2010

Pensar é Evoluir


“O homem vulgar, por mais dura que lhe seja a vida, tem ao menos a felicidade de a não pensar. Viver a vida decorrentemente, exteriormente, como um gato ou um cão - assim fazem os homens gerais, e assim se deve viver a vida para que possa contar a satisfação do gato e do cão.
Pensar é destruir. O próprio processo do pensamento o indica para o mesmo pensamento, porque pensar é decompor. Se os homens soubessem meditar no mistério da vida, se soubessem sentir as mil complexidades que espiam a alma em cada pormenor da acção, não agiriam nunca, não viveriam até. Matar-se-iam assustados, como os que se suicidam para não ser guilhotinados no dia seguinte. “

In: O Livro do Desassossego, Fernando Pessoa


Agora eu:

Se não querem ir além de… então não pensem, resumam-se à mísera condição biológica e animalesca. Estejam na vida apenas “porque sim”, respondam aos estímulos externos porque o cérebro assim o quis.
Existem os que estão cá para viver caminhando, e os que caminham porque biologicamente vão vivendo, ao sabor do vento, do politicamente correcto.
São escravos minha gente! Escravos da racionalidade que os protege contra as pulsões do Id (princípio do prazer - Freud) e teimam em manter-se no Super-ego, porque pensam que assim vão ser aceites pelos outros, que não irão quebrar as regras.

Lamento desapontar, mas as regras existem para serem quebradas, derrubadas, aniquiladas. Então não estão a ver que estas regras e dogmas foram criadas por homens muitas vezes cobardes e prisioneiros do medo de pensar?

Pensem…muito!
Questionem…sempre!

Se quiserem realmente viver…

Vittoria


Apenas uma curiosidade:

"(...) basicamente, um campo de batalha . Ele é um porão escuro em que uma senhora solteirona bem-educada (o superego) e um macaco -sexo louco (o id) estão sempre em combate mortal, a luta a ser arbitrada por sua vez pelo sistema nervoso ( o ego). "

Don Bannister a respeito da posição de Freud acerca da mente humana.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Brinde à Amizade

Homenagem a uma grande amiga, obrigada por existires na minha vida e pelo convite para assistir ao concerto do Rodrigo Leão naquela noite fria de Novembro de 2009 no coliseu do Porto. Um brinde à nossa amizade!

...chorei, muitas vezes ao sentir a música na sua profundidade poética.




sexta-feira, 9 de julho de 2010

Tela

Olho a tela e nada sai
Angústia ferida d’alma
Acendo desesperadamente
O incenso da esperança
…Metamorfose calma
Nestas tintas sem cor
Sem sentido
Sem conforto
Num eterno desatino
Que está morto?
Leva-me contigo
Nessa viagem
Liberta-me!
Devolve-me

Vittoria



Tela música dos Santos & Pecadores e banda Sonora do Filme Contraluz que estreia a 22 de Julho e que não irei perder.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Fernando Pessoa


Quem te disse ao ouvido esse segredo
Que raras deusas têm escutado –
Aquele amor cheio de crença e medo
Que é verdadeiro só se é segredado?...
Quem to disse tão cedo?

Não fui eu, que te não ousei dizê-lo.
Não foi um outro, porque não o sabia.
Mas quem roçou da testa teu cabelo
E te disse ao ouvido o que sentia?
Seria alguém, seria?

Ou foi só que o sonhaste e eu te o sonhei?
Foi só qualquer ciúme meu de ti
Que o supôs dito, porque o não direi,
Que o supôs feito, porque o só fingi
Em sonhos que nem sei?

Seja o que for, quem foi que levemente,
A teu ouvido vagamente atento,
Te falou desse amor em mim presente
Mas que não passa do meu pensamento
Que anseia e que não sente?

Foi um desejo que, sem corpo ou boca,
A teus ouvidos de eu sonhar-te disse
A frase eterna, imerecida e louca –
A que deusas esperam da ledice
Com que o Olimpo se apouca.


In: Obra essencial de Fernando Pessoa “Poesia do Eu”, pág. 305

Escrito em: 10-08-1934

Imagem: Estátua de Venus (Deusa do amor), bem mais bonita ao vivo no Musée du Louvre, Paris.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Mafalda Veiga e Uma noite sem dormir

Naquela noite no coliseu (espectacular!), senti cada música com a profundidade de quem tenta viver o presente. Consegui contra todas as expectativas negativas que me assolavam a mente. Uma dessas nuvens era a companhia que eu levara naquela noite, mas a música tão profunda, a entrega da Mafalda, a profundidade das letras fizeram-me abstrair.

A razão pela qual hoje coloco este link aqui é simples…a noite passada apesar da hora tardia a que me fui deitar, a minha mente só tinha espaço para a letra desta música, cantei-a vezes sem conta (mentalmente) …virei-me dezenas de vezes na cama…

Uma letra profunda.






Mafalda Veiga ao vivo no Coliseu do Porto.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Silêncio da solidão


Ela caminhava por aquela estrada que os seus pés conheciam intuitivamente, sentia-os molhados, ia descalça. Sim, descalça. Enquanto se dirigia para o banco do costume, pensava: “Eu sou aquela que busca os silêncios”. Os silêncios que para muitos são momentos perturbadores, inquietantes e dilacerantes do bem-estar interno.
Ela descobriu que o seu bem-estar só pode ser atingível na solidão e nas intermináveis questões que lhe surgem e para as quais não encontra resposta.
Os seus cabelos dançam irrequietos ao sabor do vento, enquanto fixa o olhar num ponto de fuga, algures no meio do oceano. Pensativa, começa um longo percurso até dentro de si e descobre que é muito mais difícil estar sozinha do que acompanhada. Subitamente lembra-se de algumas frases de um livro que está a ler:

Almustafá foi questionado por um académico:

“Fala-nos sobre Conversar

E Almustafá respondeu:

Conversais quando deixais de estar em paz com os vossos pensamentos. Quando já não podeis viver na solidão do vosso coração, viveis nos vossos lábios e o som que deles sai é diversão e passatempo. E em muitas das vossas conversas, o pensamento é quase dizimado. O pensamento é uma ave que precisa de espaço, numa jaula de palavras pode, na verdade, abrir asas, mas não pode voar. Entre vós, há aqueles que procuraram os faladores porque têm receio de estar sozinhos.
O silêncio da solidão revela perante os seus olhos a nudez do seu ser e, por isso, preferem fugir.”


Sorriu serenamente e pensou “todos nós somos uma caixinha de surpresas, a diferença é que ao passo que alguns se questionam acerca de si mesmos, outros passam a vida projectados no futuro ou centrados em futilidades para fugir à nudez do seu ser.

Citação do livro: O profeta de Kahlil Gibran

Shakespeare


Oh! Como cantarei o teu valor,
Se és tu a melhor parte do meu ser?
P’ra que teço a mim próprio meu louvor?
Não é bem meu, se a ti o oferecer?

Por isso mesmo, vamos ser dois entes,
E perca o nosso amor a unidade,
Para que eu possa, sendo nós diferentes,
Dar-te o que devo, sem colher metade.

Ausência! Oh, que amargura tu não eras,
Se o teu vagar penoso não deixasse
Pensar no belo amor e nas quimeras
Que o tempo fazem ver doce face!

Por ti, aprendo um todo a dividir,
Louvando um eu que não pode ouvir.

In: Os Sonestos de Shakespeare (XXXIX)
Ed.: 1962

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Destino


Sabes bem que sentir
Implica ir dentro de nós

Sabes bem que jamais
Poderias ir contra ti mesmo

É da dor que crescemos
Que vamos ao infinito
Que queremos não fugir

Da madrugada sem dormir
Do pensamento que atormenta
Da dor no peito que desperta
O sentimento que não se controla
Do andar sem destino
Disto tudo que te conto

Mas vale a pena estar assim
Atormentada deste descontrolo
Desta insegurança
Desta amargura
Desta vida sem vida


Vittoria